terça-feira, 13 de novembro de 2012

Judô no Brasil


  A história do judô no Brasil é tão antiga quanto a presença japonesa em nosso território. A arte marcial desembarcou por aqui junto com os primeiros imigrantes nipônicos vindos no navio Kasato Maru, que ancorou no Porto de Santos, litoral paulista, em 1908. Com os recém-chegados, o judô subiu a serra e foi parar nas fazendas de café do interior do Estado de São Paulo, onde muitos dos imigrantes trabalharam como lavradores.

  Nas fazendas, os japoneses formavam suas colônias e dentro delas, restritamente, cultivavam inúmeros hábitos típicos de sua terra natal; entre os quais, a prática do judô. Assim como os outros hábitos, o cultivo do judô dentro da colônia japonesa servia para que matassem a saudade da Terra do Sol Nascente. Mas nesse primeiro momento não havia a intenção de compartilhar a arte marcial com os brasileiros.

  Com o passar do tempo, as novas gerações de nipo-brasileiros e a chegada de membros do Kodokan — numa tradução adaptada: Instituto de Estudo do Judô —, essa disposição mudaria, e São Paulo seria a boca do vulcão pelo qual o judô explodiria espalhando-se em poucas décadas por todo o território nacional.


EXPANSÃO 


  O judô começou a expandir-se de forma organizada e sistematizada no País a partir do final da década de 1920, com a chegada a São Paulo de Tatsuo Okoshi, membro do Kodokan e kodansha (nono dan, faixa vermelha, distinção máxima do esporte). Okoshi seria um dos fundadores e presidiria no Brasil a Associação dos Faixas Pretas do Kodokan. Em 1958, também ajudaria a fundar e seria o primeiro diretor técnico da Federação Paulista de Judô (FPJ), a primeira federação estadual do País.

  Mas Okoshi teve muita ajuda. E um dos seus aliados na difusão do esporte foi o sétimo dan de judô Katsuoshi Naito, que chegou ao Brasil na década de 1920, radicando-se na cidade de Suzano (SP). Por estar numa cidade do interior, Naito era a principal figura do que à época se chamava Kodokan do interior, enquanto Okoshi era o homem-forte do kodokan da capital.

A expansão organizada do judô no Brasil teve ainda apoio de Sobei Tani, sexto dan, que fundou sua academia na cidade de Jaraguá, interior do Estado. Tani formaria alguns dos maiores judocas da primeira fase do judô organizado no País. O mais notório deles seria Lhofei Shiosawa, o único brasileiro de nascença a vencer Chiaki Ishii, japonês naturalizado brasileiro e o primeiro a ganhar uma medalha olímpica pelo País. Assim como Tani e Shiosawa, Ishii desempenhou papel fundamental para propagar a boa fama do judô pelo País, principalmente na capital paulista.

CONSOLIDAÇÃO

  O empenho de todos esses homens não seria em vão. Depois deles, outros judocas viriam imbuídos do mesmo propósito, o que consolidaria o esporte no País. E foi assim que, em 1951, realizou-se o primeiro campeonato oficial de judô do Estado de São Paulo. Três anos depois, em 1954, o Rio de Janeiro também realizou o seu e no mesmo ano aconteceu o primeiro campeonato brasileiro de judô.

  A primeira federação de judô no Brasil surgiria mais tarde, em 1958 — ano em que o Brasil sediou o 3º Pan-Americano de Judô —, com a fundação da Federação Paulista de Judô (FPJ). Em 1962, nasceria a Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro. A entidade nacional viria em 1969, quatro anos depois de o Brasil sediar pela primeira vez um campeonato mundial da categoria. O primeiro presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) foi  Paschoal Segreto Sobrinho.

  Dessa forma, judô brasileiro construía sólida e organizada classe, e as conquistas internacionais seriam uma questão de tempo. Logo na primeira participação brasileira no judô olímpico, em Munique (ALA), 1972, o País conseguiu uma medalha de bronze com Chiaki Ishii.

  Mas a medalha olímpica não seria glória exclusiva de Ishii. Desde 1984, em Los Angeles, o Brasil não passa uma Olimpíada sem ganhar medalha na modalidade. Em 1984, Olimpíada de Los Angeles (EUA), o País trouxe três medalhas: uma de prata, com Douglas Vieira, e duas de bronze, com Luiz Omura e Walter Carmona. O topo do pódio seria atingido em 1988, em Seul, capital da Coreia do Sul, com Aurélio Miguel. Mais um ouro viria na Olimpíada seguinte, de Barcelona (ESP), com Rogério Sampaio.

  Assim continuaria a saga dos judocas brasileiros em Jogos Olímpicos. Desde Barcelona, não ganhamos mais ouros no judô, mas sempre trazemos medalhas, com atletas de grande reconhecimento internacional e ainda em atividade, caso de Leandro Gulheiro e Tiago Camilo. Em Pequim, 2008, o País conquistou com Ketleyn Quadros sua primeira medalha olímpica no judô feminino. Em Olimpíadas, o País soma ao todo 15 medalhas.

  Em mundiais, vamos ainda melhor, são 28 medalhas. O principal atleta brasileiro na competição é João Derly, com duas medalhas de ouro, mas outros notáveis judocas em Olimpíadas também dão o ar da graça em mundiais, caso de Ishii, Carmona, Aurélio Miguel e Tiago Camilo, que tem no currículo a conquista de um mundial, em 2007, no Rio de Janeiro.

  As mulheres também têm bom desempenho em mundiais. Daniele Zangrando, Edinanci Silva, Rafaela Silva, Sarah Menezes e Mayra Aguiar, as últimas três ainda em atividade e bem jovens, também trouxeram medalhas em competições mundiais.

(Fontes: http://www.judo-grandmasters.com.br/?page_id=72) 

                                                                         Ayana Martins

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